Cinema brasileiro anos 80

E-book interativo Cinema brasileiro anos 80

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Trilhar por espaços fluídos, indeterminados, instáveis, ou melhor, de passagens, é o que propomos neste ebook interativo. A obra trata desse tema a partir de três filmes brasileiros dos anos 80: Anjos da Noite (1987), de Wilson Barros, A Dama do Cine Shangai (1987), de Guilherme de Almeida Prado.

E-book do mestrado de Maurício Cândido Taveira, defendido em 2001, na ECA-USP.

São 220 Mega bytes. O arquivo epub contém cerca de 70 clipes de filmes.

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Resumo

A estrada como metáfora dos espaços fluidos, indeterminados, instáveis, é a melhor figura para designar este trabalho. Uma vez que a estrada é caminhos, cruzamentos, percursos. Mas também como uma ponte, uma porta, ela é, igualmente, por excelência, o local de passagens.

Trilhar por esses espaços fluídos, indeterminados, instáveis, ou melhor, de passagens, é o que propomos ao leitor nos três capítulos a seguir deste livro. Para isso selecionamos três filmes brasileiros em que já nos anos 80 se encontram esses elementos: Anjos da Noite (1987), de Wilson Barros, A Dama do Cine Shangai (1987), de Guilherme de Almeida Prado e Cidade Oculta (1986), de Chico Botelho. 

A estrada de Anjos da Noite é a imagem videográfica. É uma estrada eletrônica e também analógica. O vídeo, em sua combinação com a imagem fotoquímica, especificamente nos planos videográficos, torna tênue e “contamina” toda estrutura narrativa da obra em destaque. Introduz “desordem”. Liga, separa, combina, fragmenta, por exemplo, dois planos, duas cenas ou duas seqüências de planos cinematográficos. Mas é aí, sobretudo, no hibridismo entre os modos de imagens videográficos e cinematográficos que se localizam esses espaços fluídos, indeterminados. 

“A auto-estrada de Dama do Cine Shangai se localiza nos espaços e instantes em que a narrativa do filme em destaque se intercruza com outras. Ela é a via, e também cruzamento, que interliga e urde não somente a estrutura fílmica de Dama do Cine Shangai. Vai além. Sua malha congrega e entrelaça diferentes espaços, e constitui, ao mesmo tempo, uma grande narrativa ou, pelo menos, um diálogo com outras películas. Para esse trabalho, examinaremos os encaixes com os seguintes filmes: A Dama de Shangai (1948), de Orson Welles, Flor do Desejo (1985) e A Hora Mágica (1998), ambos de Guilherme de Almeida Prado; trataremos também das referências à filmografia noir dos anos 40 e 50. 

A personagem Shirley Sombra, uma espécie de Parca moderna, através de sua máquina de tarô, exibe os espaços híbridos, conexões, ou melhor, localiza as interfaces de passagens de Cidade Oculta. Ela, como a divindade em destaque, a partir de sua máquina funde dois espaços distintos. Torna-se onipresente. Controla o destino dos personagens. E corta, impiedosamente, os fios da vida de cada um deles.